Acessibilidade em eventos: como tornar sua experiência mais inclusiva Draft
Saiba como implementar acessibilidade em eventos, garantindo inclusão e diversão para todos os participantes
Streamers e criadores de conteúdo digital não trabalham apenas na frente das câmeras. Boa parte do ofício envolve participar de eventos como feiras comerciais, lançamentos de produtos, conferências e exposições interativas. Para alguns, inclusive, estar em contato com outras pessoas do setor e fãs é a melhor parte da profissão.
Essas ocasiões costumam ser recheadas de inovação e tecnologia, um verdadeiro terreno fértil para conhecer outros profissionais, fechar colaborações, atiçar a criatividade e até produzir conteúdos diferentes. Mas, para que esses ambientes sejam verdadeiramente democráticos, é preciso considerar a acessibilidade dos eventos.
A acessibilidade não é apenas uma questão de estrutura física. Ela diz respeito à possibilidade de todas as pessoas participarem de um evento ao máximo, de forma plena e autônoma.
E quando pensamos em eventos tecnológicos, muitas vezes nos esquecemos de que a própria inovação só tem valor real quando é acessível a todos. Neste artigo, você confere a importância de garantir acessibilidade em eventos e como torná-los mais acessíveis.
Por que promover acessibilidade em eventos?
Dados de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o Brasil tem 18,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, quase 9% da população. Ou seja, promover a acessibilidade em eventos significa permitir que uma parcela significativa dos brasileiros tenham direitos e oportunidades igualitárias ao restante.
Além disso, um evento que conta com acessibilidade passa uma imagem de inclusão e respeito ao próximo, o que ajuda a fortalecer sua reputação. O resultado é o ganho de reconhecimento e credibilidade.
Streamers que planejam cobrir um evento também devem estar atentos: verificar se o local permite a entrada de pessoas com deficiência, se há recursos de acessibilidade digital e como o conteúdo será distribuído são atitudes que fortalecem sua imagem como criador comprometido com diversidade e inclusão.
E como adiantamos, a acessibilidade não está restrita ao espaço físico. É preciso que o evento pense como um todo na hora de fornecer a melhor experiência para todos, sem exceção.
Confira os sete tipos de acessibilidade que devem ser considerados:
- Acessibilidade arquitetônica – relacionada à infraestrutura física (rampas, corrimãos, elevadores);
- Acessibilidade comunicacional – garante que a comunicação seja compreensível (Libras, legendas, audiodescrição);
- Acessibilidade metodológica – diz respeito aos métodos de ensino ou exposição de conteúdo;
- Acessibilidade instrumental – refere-se ao uso de ferramentas adaptadas;
- Acessibilidade programática – relacionada a políticas, normas e procedimentos que garantem inclusão;
- Acessibilidade atitudinal – trata da postura das pessoas em relação à inclusão;
- Acessibilidade digital – diz respeito ao uso de plataformas e interfaces inclusivas na internet e em dispositivos.
Para eventos que envolvem tecnologia e streaming, a acessibilidade digital, comunicacional e atitudinal são especialmente cruciais.
Sabendo dos diferentes tipos de acessibilidade, vamos conferir boas práticas para um evento inclusivo.
Como promover um evento acessível
Tudo começa na fase mais importante: o planejamento. A inclusão precisa estar presente desde o primeiro brainstorm até o pós-evento.
Para eventos voltados à tecnologia e streaming, como lançamentos de gadgets, jogos ou painéis de inovação, é essencial entender quais as possíveis limitações do seu público, desde o espaço físico até o acompanhamento de palestras e participação em ativações.
Algumas adaptações podem ser pensadas para garantir a inclusão.
O espaço físico
Apesar da acessibilidade em eventos não estar limitada à estrutura física, é importante garantir que os participantes consigam chegar e se locomover dentro do espaço. Veja dicas:
- Os eventos devem ser realizados em locais de fácil acesso e, logo na entrada, devem contar com recursos que permitam ingressar no espaço. Nesse caso, estamos falando de transporte adequado, vagas de estacionamento preferenciais, rampas, corrimãos e elevadores (se for o caso);
- Os banheiros e espaços de convivência também devem ser adaptados. Por exemplo, é importante garantir que uma pessoa em cadeira de roda consiga sentar-se junta às outras em uma mesa na praça de alimentação;
- Em palestras, muitos eventos disponibilizam um espaço separado perto do palco. Isso ajuda pessoas com deficiência auditiva a acompanharem a movimentação labial dos palestrantes, ou que pessoas com alguma restrição de mobilidade fiquem mais confortáveis;
- É importante pensar numa disposição de mesas e cadeiras que permita que todas as pessoas sentem-se lado a lado, sem distinção;
- Também garanta um lugar para acompanhantes, seja intérpretes, guias ou até amigos. Ninguém quer ficar sozinho, certo?
A comunicação
A comunicação também precisa ser pensada para que todos possam compreender e participar. Um primeiro passo é adotar linguagem simples e objetiva, com frases curtas, que facilitam o entendimento para pessoas com deficiência intelectual, dislexia ou autismo.
Materiais em formatos alternativos — como áudios, vídeos com interpretação em Libras, PDFs acessíveis para leitores de tela — também são importantes.
Intérpretes em libras durante palestras e vídeos, e uso de audiodescrição (narração verbal de elementos visuais) também melhoram a experiência de pessoas com deficiência auditiva e visual. Uma boa dica é pedir para que o palestrante comece sua palestra com uma descrição de si mesmo.
Essas medidas não valem apenas no evento: também é importante utilizar recursos de descrição de imagens e acessibilidade nos materiais disponibilizados e nas publicações em redes sociais.
Para streamers, isso se aplica diretamente à produção de conteúdo. Legendar transmissões ao vivo, usar descrições claras de imagens, fazer pausas para explicações e incluir recursos de acessibilidade digital são boas práticas que ajudam a ampliar o alcance do conteúdo. Além disso, interagir com o público com respeito e abertura a diferentes formas de comunicação é uma forma poderosa de incluir a todos.
Já na hora do evento, é importante garantir que a sinalização também seja clara. Placas, totens e outros objetos de localização precisam ter boa legibilidade e incluir Braile. Também é possível contar com aplicativos de apoio com navegação por voz, localização indoor e tradução simultânea.
A equipe
Por último, mas não menos importante, é importante que a equipe do evento esteja pronta para atender pessoas com alguma necessidade específica de forma humanizada, sem invadir o espaço ou remover sua autonomia.
Na prática, a inclusão exige adaptações concretas. Isso envolve desde ajustes estruturais até soluções criativas com apoio da tecnologia.
Aspectos Legais e Normativos
No Brasil, a acessibilidade em eventos é regulamentada por duas principais leis.
A primeira delas é a Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, conhecida como Lei da Acessibilidade. Ela estabelece normas e critérios para a acessibilidade de pessoas com deficiência, determinando que edifícios, meios de transporte, sistemas de comunicação e serviços devem ser adaptados para o uso de todos, sem distinção.
Apesar de não haver um artigo específico para acessibilidade em eventos, os princípios valem para todos os âmbitos.
Outra legislação, mais recente, é a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146), de 6 de julho de 2015, também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência. Essa lei determina que eventos públicos e privados devem garantir condições de acessibilidade em todas as etapas, desde o planejamento até a execução.
Ao não cumprir essas exigências, organizadores dos eventos podem ser responsabilizados civil e administrativamente.
Para streamers e influenciadores, conhecer essa legislação é uma forma de orientar seu público, promover boas práticas e até mesmo pressionar marcas e empresas a se comprometerem com a acessibilidade.
Ou seja, a inclusão não deve ser um “extra”. Ela é direito e é parte fundamental de qualquer evento verdadeiramente democrático e inovador.
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